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A Distopia Revolucionária e Subversiva de "Born in Flames" (1983)

Lançado em 1983 com um orçamento baixíssimo e dirigido pela cineasta Lizzie Borden, o filme “Born in Flames” se mantém mais atual do que nunca. A história se passa em um Estados Unidos distópico que celebra os 10 anos da “guerra de libertação social-democrática”, porém se mantém com as mesmas problemáticas relacionadas ao machismo, racismo,  criminalização da pobreza, dentre outre outras discriminações de gênero, sexualidade e etnia. Nesse contexto surgem grupos feministas que visam, cada qual a sua maneira, acabar com essas desigualdades sociais. 





Acompanhamos o grupo “Women’s Army”, liderado por Adelaide Norris (Jean Satterfield), além de duas rádios piratas lideradas por mulheres de diferentes etnias e um grupo de mulheres jornalistas. O filme retratata a realidade de mulheres de diferentes contextos sociais e com diversas perspectivas, e traz vários exemplos de como a misoginia se manifesta nas ruas e como esta pode ser combatida através da ação direta. Em uma das cenas do filme, dois homens atacam uma mulher na rua e dezenas de mulheres em bicicletas com apitos vêm afugentar os homens e confortar a mulher.





Ao final do filme, a líder do grupo "Women's Army", Adelaide Norris é assassinada pela polícia, que divulga a sua morte como "suicídio". A partir disso e também depois que ambas as estações de rádio são incendiadas de forma suspeita, Honey e Isabel - as radialistas das rádios piratas Phoenix e Ragazza, respectivamente - se unem e transmitem a Rádio Phoenix Ragazza através vans U-Haul roubadas. Elas também se juntam ao "Women's Army", que envia um grupo de mulheres para interromper uma transmissão do presidente dos Estados Unidos propondo que as mulheres sejam pagas para fazer tarefas domésticas, e em seguida bombardeam a antena no topo do World Trade Center para evitar mensagens adicionais destrutivas do governo - uma imagem que hoje em dia possui uma carga adicional de horror, após o atentado do 11 de Setembro.





Construído como um falso documentário, o filme mistura imagens de arquivo reais - vídeos de protestos, de violência policial, dentre outros - com as imagens ficcionais produzidas para o filme, mostrando através de uma narrativa distópica o quão facilmente conseguimos nos identificar com a realidade representada no filme, tanto na época de seu lançamento quanto nos dias atuais. O filme foi preservado pela Anthology Film Archives e sua restauração foi financiada pela Hollywood Foreign Press Association & The Film Foundation, o que permitiu que o filme continuasse circulando e atingindo o público atualmente.  “Born in Flames” é um filme que se mantém mais necessário do que nunca ao exibir como os direitos de grupos minoritários estão em constante ameaça, e é preciso muita luta para conseguir atingir a equidade social.



“E a verdade será ouvida e a história deve e será contada. Não é apenas a história da opressão das mulheres, é a história do sexismo, do racismo, da intolerância, do nacionalismo, da religião falsa e da blasfêmia da igreja controlada pelo Estado, a história do envenenamento ambiental e da guerra nuclear. Dos poderosos sobre os impotentes, por causa de manipulações doentias e depravadas que abusam e encurralam a alma humana como um rato numa gaiola. É da nossa responsabilidade, enquanto indivíduos e em conjunto, examinar e reexaminar tudo, sem deixar pedra sobre pedra.”




 sobre o mulheres no horror: 

 

O Mulheres no Horror é um espaço de troca de informação, onde  compartilhando artigos e resenhas sobre livros e filmes, publicamos dicas sobre a temática, contamos a histórias de mulheres e pessoas queer que fazem parte do cinema e literatura de Horror, realizamos traduções de textos, entrevistas com pesquisadoras e cineastas, dentre outros conteúdos.

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