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Messiah of Evil

“Each of us dying slowly in the prison of our minds...”

Zumbis do Mal, o título adotado no Brasil (e que não faz jus ao filme) foi o primeiro filme escrito, produzido e dirigido em parceria pelo casal Gloria Katz e Willard Huyck, conhecidos por trabalharem com George Lucas e pelo roteiro de Indiana Jones e o Templo da Perdição. Sua estreia mundial foi em 1973.

Nele, Arletty narra a viagem que fez à Califórnia, para visitar seu pai, e os acontecimentos estranhos que estavam ocorrendo. Ao chegar, encontra a casa de seu pai abandonada e um diário em que ele relata um mal que está assolando os moradores da cidade e seus pesadelos associados a essa estranha situação.

Ao mesmo tempo, chegam à cidade o Thom e duas companheiras/"cortesãs", Toni e Laura. Thom é um aristocrata que “coleciona” histórias e lendas, e vai à Point Dune, a cidade onde vive o pai de Arletty, para saber mais sobre as lendas da “lua de sangue” e do “estranho sombrio”, e um morador local lhe conta que logo completará cem anos da última vinda do “estranho sombrio”, e que quando ele voltar, a lua se tornará vermelha e o mal retornará a cidade. Arletty ia passando próximo ao hotel em que o trio estava hospedado e assiste à conversa. Ao deixar o local atrás de Charlie, ele avisa Arletty que seu pai é “um deles” agora, e que ela deveria atear fogo ao ser que seu pai se tornou. Arletty, com a ajuda de Thom, passa a buscar respostas para o sumiço de seu pai e para o estranho comportamento dos moradores da cidade, e a proximidade que surge entre Arletty e Thom desperta o ciúme de Tina e Laura, no velho clichê das mulheres enciumadas, não acrescentando nada de relevante à trama.

Mudando um pouco o foco para as personagens Toni e Laura: Toni é uma garota, e não fica claro se é uma adolescente ou jovem adulta. Se for adolescente, o que ela faz com um casal de adultos? De Laura não se sabe absolutamente nada. Ambas são personagens sem desenvolvimento algum, que servem apenas para criar uma barreira à aproximação de Arletty e Toni.

A chegada repentina do trio no mesmo momento em que se aproximava a vinda do “estranho sombrio” me fez pensar que Thom era, ele mesmo, o esperado messias do mal, e em uma cena cortada do filme, ele conta à Arletty sobre um sonho que teve em que ele é o “estranho sombrio”. Quem é Thom e o que o leva a Point Dune?

Messiah of Evil tem uma aura de etérea, gótica, que beira o surrealismo. As cores e os cenários dos filmes da década de 1970 são meus preferidos, e quase sempre tem muito vermelho ou azul, ou ambas juntas, a decoração casas são lindas, e aqui o cenário da casa/ateliê do pai de Arletty rouba a cena. A atmosfera de sonho do filme dá um toque fantasmagórico e incrível às cenas, em especial nas cenas que se passam na praia.

Segundo o crítico de cinema Kim Newman, existe um tom lovecraftiano na figura do estranho sombrio, um pregador sinistro que veio do mar, e os moradores da cidade se tornando canibais que aguardam chegada de seu messias ao redor de fogueiras na praia, como um culto de uma sinistra seita apocalíptica. O nome dado ao filme no Brasil não ajuda muito, pois não se sabe ao certo se as criaturas são zumbis, e o “do mal” se refere ao “of evil”, obviamente, mas não funciona bem quando ligado aos zumbis, pois não são eles que trazem o mal. O “mal”, ou seja, o canibalismo dos moradores, é “ativado” pela presença do estranho sujeito que aparece a cada cem anos, mas eles não se tornam zumbis, pelo menos não o tipo de zumbis a que estamos acostumados dos filmes de Romero e Fulci, mas alguns críticos apontam que há similaridade entre os filmes de Romero e Messiah of Evil, que é a crítica ao mundo do consumo, representada, em Messiah of Evil, na cena em que Arletty entra no mercado e os moradores-canibais da cidade estão se banqueteando com carne crua. Esse gênero de cinema de horror ganhou a alcunha de “O Pesadelo Americano”, que acabou com a chegada de um novo pesadelo americano: o sexo na juventude, duramente castigado por Freddy Krueger e Jason Vorhees e, mais recentemente, a figura sem nome e mutante do filme It Follows. Mas a semelhança com Romero acaba ai.

A heroína do filme, Arletty, acaba cedendo espaço para o dandy Thom, infelizmente, e as cenas de ciúme de Laura e Toni são bastante desnecessárias. Existem algumas cenas sem sentido, mas isso é normal no cinema de horror da década de 1970, cenas que ficamos pensando “o que tinham na cabeça pra colocar essa cena ai?”, mas isso não interfere negativamente na trama. É um filme bastante bonito, com uma trama um pouco jogada por conta da falta de orçamento dos realizadores. Talvez esse seja seu diferencial.

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